segunda-feira, 27 de maio de 2013

Pensar Nove Décadas de Amizade (nº 79): Maria Helena Ribeiro da Cunha*


Maria Helena Ribeiro da Cunha

Tenho entre as mãos um livro, cujo título é Sentido e forma da poesia neo-realista, publicado em julho de 1968: foi assim, nesta data e por esta forma, que conheci o Prof. Eduardo Lourenço, e que, sem que ele imaginasse, com certeza, me auxiliaria no ofício de professora nos Cursos de Literatura Portuguesa sobre o século XX, na Universidade, onde se indicava a poesia neo realista. Não será preciso dizer que me entreguei à leitura, ávida das informações e da análise, ali contidos, a fim de compreender a “atmosfera mental e a sensibilidade de uma geração”, tal como o Autor a particularizava. Devo-lhe, sem dúvida, essa grande ajuda nas aflições próprias de uma professora ainda jovem.

Entretanto, eu só o conheci pessoalmente quase vinte anos depois deste primeiro contacto com sua obra, por ocasião da V Reunião Internacional de Camonistas, em São Paulo, quando pude ouvi-lo e dele guardar a impressão de pessoa extremamente atenta à palavra dos interlocutores, sem qualquer sinal de arrogância, e sempre sorridente. Encontros fugazes com que nos presenteou, é verdade, mas profundamente significativos quanto à presença duradoura de sua obra e ao papel que desempenha como um dos mais importantes críticos da Literatura Portuguesa, no nosso tempo.



*Maria Helena Ribeiro da Cunha

Professora da Universidade de São Paulo
Texto inédito enviado gentilmente pela Autora para Ler Eduardo Lourenço.