- (...) As Mãos e os Frutos não é, ao contrário do que muita gente pensa, o seu primeiro livro?
- Sim. Há livros extremamente juvenis, que servem como as escalas dos pianistas. São, de algum modo, exercícios. O Adolescente foi publicado em 1942, tinha eu 19 anos, e o Pureza logo a seguir. Aliás, As Mãos e os Frutos foi escrito entre os 22 e os 24 anos. Portanto, é um livro também ele extremamente juvenil, onde essa juventude está inteira, onde há uma afirmação vital do corpo.
- E por que é que o público se agarrou tanto a esse livro?
- Nunca penso num público quando escrevo, nunca, nunca, nunca, nunca... Não sou eu que escolho os meus leitores: sou escolhido por eles! É completamente diferente.
- Nunca penso num público quando escrevo, nunca, nunca, nunca, nunca... Não sou eu que escolho os meus leitores: sou escolhido por eles! É completamente diferente.
As Mãos e os Frutos é o primeiro livro que me dá inteiro, e isso é realmente importante. É o livro que fez de mim o Eugénio de Andrade. Como diz o Eduardo Lourenço, houve muita gente a querer escrever esse livro.
O texto que aqui se reproduz foi retirado de uma entrevista, cujo autor não aparece referido, com o título "O Escritor e a Cidade. Eugénio de Andrade - Rente ao Dizer", publicada em Porto de Encontro. Revista da Câmara Municipal do Porto, nº 33, Dezembro de 2000, p. 57.