António Cândido Franco |
A obra escrita de
Eduardo Lourenço é como um céu nocturno e limpo de Verão, com muitas estrelas
ardentes e diamantinas. Os pontos luminosos são tantos e tão variados,
agudizam-se e esbatem-se numa escala de tal modo infinita, que cada um de nós
pode lá ir buscar aquilo que mais procura, reconhecendo nesse céu o seu próprio
mundo. Também eu tenho o meu Eduardo Lourenço, o das palavras luminosas como
ouro, o do verbo original capaz de impressionar como um mito incorruptível. Esse
Eduardo Lourenço é aquele com quem o grande poeta António Maria Lisboa se
sentiu tentado a dialogar e aquele que levou em 1959 a Agostinho da Silva, na
altura na ilha de Santa Catarina, o evangelho da Baía. Bem merece que o
felicitemos em conjunto, a muitas vozes, no momento em que passa o seu
nonagésimo aniversário.
António Cândido Franco. Professor da Universidade de Évora. Escritor.
Texto inédito enviado gentilmente pelo Autor para Ler Eduardo Lourenço