Jerónimo Pizarro |
Cada vez que releio Eduardo Lourenço sinto, em múltiplas passagens, que ainda estou a aprender a escrever ensaios e que há uma abrangência do humano (essa que só os clássicos conhecem) que faz que a sua releitura nunca deixe de ser luminosa. Há autores que ficam mais ténues com o tempo. Não Lourenço, que tanto ilumina a cultura e a literatura portuguesas, e que quer na sua oralidade perdida, quer na sua escrita resgatada, parece transversal à História, como alguém que está antes e depois do Renascimento, que acompanha Portugal – esse país que estuda no seu todo – das suas origens à sua actualidade.
Sorte teve Fernando Pessoa que entre os seus leitores portugueses já contou com os críticos mais proeminentes, nomeadamente com Eduardo Lourenço, leitor de Jorge de Sena, de Jacinto do Prado Coelho, de João Gaspar Simões e de tantos outros. Quando Lourenço começou a escrever sobre Pessoa, depois da biografia de Gaspar Simões, deu início à reflexão sobre a «ascensão pessoana», sobre o crescimento de uma figura que, sem eclipsar a literatura portuguesa, se identificou com Portugal, tornando-se indissociável do seu país, como observou o próprio ensaísta em «Pessoa e Portugal e Portugal e Pessoa».
Sorte tivemos os leitores de Eduardo Lourenço que foi, para muitos, a nossa introdução à cultura e à literatura portuguesas, o «culpado» de muitas das nossas incursões pelo pensamento português e pelas obras de grandes escritores. Devo à contagiante curiosidade de Eduardo Lourenço, à sua heterodoxia, à sua liberdade, à sua fantasia, o chamado a reler, como se de pessoas vivas – quase mitológicas – se tratasse, Camões, Antero, Pessanha, Pessoa, Sérgio, Sophia, Agustina, Fiama e tantos outros. No maior ensaísta português a crítica foi sempre uma liturgia, um rito de iniciação.
*Jerónimo Pizarro.
Professor Universitário, Investigador, editor de Fernando Pessoa e Prémio Eduardo Lourenço 2013.
Sorte teve Fernando Pessoa que entre os seus leitores portugueses já contou com os críticos mais proeminentes, nomeadamente com Eduardo Lourenço, leitor de Jorge de Sena, de Jacinto do Prado Coelho, de João Gaspar Simões e de tantos outros. Quando Lourenço começou a escrever sobre Pessoa, depois da biografia de Gaspar Simões, deu início à reflexão sobre a «ascensão pessoana», sobre o crescimento de uma figura que, sem eclipsar a literatura portuguesa, se identificou com Portugal, tornando-se indissociável do seu país, como observou o próprio ensaísta em «Pessoa e Portugal e Portugal e Pessoa».
Sorte tivemos os leitores de Eduardo Lourenço que foi, para muitos, a nossa introdução à cultura e à literatura portuguesas, o «culpado» de muitas das nossas incursões pelo pensamento português e pelas obras de grandes escritores. Devo à contagiante curiosidade de Eduardo Lourenço, à sua heterodoxia, à sua liberdade, à sua fantasia, o chamado a reler, como se de pessoas vivas – quase mitológicas – se tratasse, Camões, Antero, Pessanha, Pessoa, Sérgio, Sophia, Agustina, Fiama e tantos outros. No maior ensaísta português a crítica foi sempre uma liturgia, um rito de iniciação.
*Jerónimo Pizarro.
Professor Universitário, Investigador, editor de Fernando Pessoa e Prémio Eduardo Lourenço 2013.
Texto inédito gentilmente enviado pelo Autor para Ler Eduardo Lourenço.