Lisboa. Hotel Altis. Casa cheia, apesar da chuva. Apresentação de Todos os Nomes. Muito belas e
inteligentes (novidade seria o contrário) as palavras ditas por Eduardo
Lourenço. Uma frase sua que vai dar (dará?) discussão: «Todos os Nomes é a
história de amor mais intensa da literatura portuguesa de todos os tempos.» É
evidente que me agrada que uma pessoa com as responsabilidades de Lourenço
tenha dito isto de um livro meu, mas adivinho que Camilo Castelo Branco, lá
onde estiver, protestou indignado: «Então, e o Amor de Perdição?...» Talvez a diferença (menciono esta, não as
outras…), esteja precisamente no teor, não na dimensão, de intensidade, que o
nosso tempo afere de outra maneira e com outros instrumentos. Talvez. E
tão-pouco vale a pena que me preocupe. O mais certo será cair a frase no
esquecimento, e o próprio Eduardo Lourenço poderá confessar amanhã: «Realmente,
exagerei um bocado…»
O texto que aqui se reproduz foi publicado inicialmente em Cadernos de Lanzarote. Diário, Vol. V, Lisboa, Caminho, 1998, pp. 193-194.