Annie de Faria, Fernando Lemos e Eduardo Lourenço na Bienal do Livro em São Paulo, 2000 |
Caro
Eduardo:
Você não tem
noventa de anos, mas o peso de sabedorias de ponta que compensam o
inconformismo luso de pensar que nascemos em tempo errado e portugueses. Você é
o mensageiro na leitura profunda de nossos orgulhos e nos acharmos só
provincianos. O cúmplice do desabafo consagrado, Fernando Pessoa, falou que seu
retorno à Pátria de segunda-mão era tarefa transcendente do reconhecimento
pleno da lamentação. Graças a você, mestre analítico bem editado, fomos
blindados na pura identidade antiquada, revelando que Portugal não é marca mas
foi icônica, como o que não tem a menor semelhança com a nobreza a que se refere.
Seu amigo
solidário e presente onde quer que você seja e esteja.
O abraço com
mãos e tudo.
Fernando
Lemos
*Fernando Lemos, Artista Plástico.
Texto inédito gentilmente enviado pelo Autor para Ler Eduardo Lourenço.