Ao entrar na magnífica Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, localizada numa antiga quinta em pleno centro da cidade da Guarda e onde se encontra parte bastante considerável do espólio bibliográfico de Annie Salomon de Faria e Eduardo Lourenço (são cerca de três mil obras das áreas da literatura e da história, sobretudo), o visitante depara-se com um texto do ensaísta, escrito à mão e afixado numa parede à direita do hall principal. É talvez uma das formas mais felizes de receber aqueles que, mais do que mergulhar nos livros, querem ser submersos pela leitura.
Como se pode ler naquele mural caligrafado (o termo é mesmo este, pois desconfia-se que, neste caso, a letra de Eduardo Lourenço terá sido alvo de uma operação plástica que a tornou mais perceptível...):
«Ler é ser lido a partir de um texto que de todos os lados nos inunda e submerge perservando sob a vaga que nos fascina um esplendor imóvel como o do mar».
«Ler é ser lido a partir de um texto que de todos os lados nos inunda e submerge perservando sob a vaga que nos fascina um esplendor imóvel como o do mar».
Mas todo o texto, ao que se julga escrito propositadamente para este fim, justifica que o visitante da biblioteca faça uma breve paragem antes de se deslocar à sala Nós Como Futuro...
...ou embarcar na Nau de Ícaro
... ou até conhecer o espaço Eduardo Lourenço e Annie Salomon.
Em resumo, se se encontrar na Guarda, o visitante deste blog pode continuar sem saber qual a definitiva resposta para a questão que serve de título ao texto de hoje, mas já não tem desculpas para dizer que não sabe onde ler naquela a que Eduardo Lourenço chamou a sua capital. Nestes dias quentes de quase Verão, Ler Eduardo Lourenço sugere como espaço privilegiado as sombras do jardim exterior da Biblioteca onde, ao que parece, por vezes ocorrem piqueniques literários.