Sabedoria, coerência, visão Gonçalo Ribeiro Telles. Um Homem de Serviço é o título de uma jornada
que, hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, reúne um vasto número de amigos e de especialistas da obra do arquitecto paisagista mais influente da cultura portuguesa contemporânea. Está prevista a participação no colóquio, que culminará com a apresentação de uma Fotobiografia (organizada pelo arquitecto Fernando Santos Pessoa) dedicada a Gonçalo Ribeiro Telles, de nomes como Guilherme d’Oliveira Martins, Emílio Rui Vilar, António Barreto, Eduardo Lourenço, Augusto Ferreira do Amaral, Luís Coimbra, Diogo Freitas do Amaral,Carlos Braumann, Aurora Carapinha, Ário Lobo de Azevedo, Manuela Raposo Magalhães, Nuno Portas, Margarida Cancela d’Abreu, Viriato Soromenho Marques, Dom Duarte de Bragança, Miguel Sousa Tavares, Pedro Roseta, Maria Calado e Alberto Vaz da Silva.
Na sessão desta manhã (à qual Ler Eduardo Lourenço assistiu via internet), num painel em que também intervieram António Barreto e Guilherme d’Oliveira Martins, Eduardo Lourenço focou a sua mensagem na dimensão ecologista do pensamento poiético de Gonçalo Ribeiro Telles. Mas não deixou também de aludir à militância cívica do católico, democrata e monárquico, recordando uma famosa carta dirigida a Salazar em 1 de Março de 1959, de que Gonçalo Ribeiro Telles foi um dos signatários (juntamente com o Padre Abel Varzim, António Alçada Baptista, Francisco de Sousa Tavares, João Bénard da Costa, Manuel Lucena, M. S. Lourenço, Nuno Teotónio Pereira, Sophia de Mello Breyner, entre outros) e onde se podia ler o seguinte: «Os serviços de repressão do regime empregam métodos que uma consciência humana bem formada não pode tolerar e um espírito cristão tem necessariamente de repudiar». Também aqui Gonçalo Ribeiro Telles, ao denunciar com coragem e em nome de um humanismo católico as iniquidades do regime, agiu como um verdadeiro Jardineiro de Deus, para usar a síntese extremamente feliz que Eduardo Lourenço escolheu para encerrar a sua comunicação de hoje.