No entender de Ler Eduardo Lourenço, é talvez uma das suas mais completas e interessantes entrevistas (está disponível em http://static.publico.pt/docs/cultura/eduardolourenco/01.html) ao autor de O Labirinto da Saudade. Entre outros vários temas de indiscutível curiosidade e que justificam uma (re)leitura do diálogo, o ensaísta explica a Luis Miguel Queirós quais os motivos que o levam a assinar, datar e identificar o local onde escreve os seus textos.
Eis um excerto dessa conversa que foi editada na Revista Pública (edição de domingo do jornal Público) em 13 de Maio de 2007 e de onde retirámos também uma cópia da extraordinária caricatura de Vasco que acima apresentamos.
«LUIS MIGUEL QUEIRÓS: Os seus livros são organizados segundo lógicas temáticas e não está em causa a sua coerência interna. Mas estou a pensar, por exemplo, nos volumes sobre questões europeias. Na Europa Desencantada há um texto escrito em 1992 e outro em 2000. Entre ambas as datas, mudou muita coisa na Europa.
EDUARDO LOURENÇO: Exacto. Já as próprias edições desses livros noutras línguas, em francês ou espanhol, têm diferenças entre elas. Há uma espécie de organização caótica. Claro que as datas têm importância. Na política, as coisas às vezes mudam numa questão de dias. Já deve ter reparado que costumo assinar os textos, mesmo os que saem na imprensa, com a palavra “Vence” seguida da data. É uma coisa de que não gosto muito, porque parece um bocado pedante, mas quando se trata de comentar assuntos actuais, sobre os quais muitos outros vão escrever – e tendo em conta o tempo que passa entre a redacção do texto, o envio para Portugal, e a publicação –, prefiro não estar sujeito a que depois digam que copiei alguém. É uma preocupação um bocado idiota, mas a razão é esta.»
EDUARDO LOURENÇO: Exacto. Já as próprias edições desses livros noutras línguas, em francês ou espanhol, têm diferenças entre elas. Há uma espécie de organização caótica. Claro que as datas têm importância. Na política, as coisas às vezes mudam numa questão de dias. Já deve ter reparado que costumo assinar os textos, mesmo os que saem na imprensa, com a palavra “Vence” seguida da data. É uma coisa de que não gosto muito, porque parece um bocado pedante, mas quando se trata de comentar assuntos actuais, sobre os quais muitos outros vão escrever – e tendo em conta o tempo que passa entre a redacção do texto, o envio para Portugal, e a publicação –, prefiro não estar sujeito a que depois digam que copiei alguém. É uma preocupação um bocado idiota, mas a razão é esta.»
Para ilustrar, um exemplo retirado do manuscrito de “Escrita e Morte”, texto que serviu de prefácio à reedição conjunta na Assírio & Alvim dos dois (primeiros) volumes de Heterodoxia.