sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Negativo do Poético

Quem procurar na bibliografia activa de Eduardo Lourenço, felizmente em constante actualização e disponível em www.eduardolourenco.uevora.pt, um texto com o título “O Negativo do Poético” terá de confessar o seu desapontamento, pois essa busca terá sido em vão. No entanto, “O Negativo do Poético” foi o nome original de um ensaio que, muitos anos depois, Eduardo Lourenço viria a incluir em Tempo e Poesia.

Ora, está nesta altura a ser preparado, com a coordenação a cargo de Carlos Mendes de Sousa, o segundo volume das Obras Completas e cuja tábua de matérias se desenha justamente em torno do livro Tempo e Poesia, publicado pela primeira vez em 1974, mas que reúne também ensaios bastante mais antigos como, por exemplo, “Esfinge ou a poesia”, (Árvore. Folhas de Poesia, nº 1, Lisboa, Outono de 1951, pp. 5-9). Entre esses textos dispersos e inéditos merece hoje a atenção de Ler Eduardo Lourenço “O irrealismo poético ou a poesia como mito”  que foi dado pela primeira vez à estampa em Europa (nº 3, Março de 1957, pp. 1-2). O jornal Europa, dirigido por Urbano Tavares Rodrigues e Virgílio Pereira teve uma curta existência, mas nele é possível encontrar valiosos escritos. É o caso, sem dúvida, deste “O irrealismo poético ou a poesia como mito”.
 imagem recolhida em www.frenesilivros.blogspot.pt



Consultando alguns manuscritos do espólio de Eduardo Lourenço, é possível registar que não só “O Negativo do Poético” foi o primeiro nome deste ensaio, como o seu primeiro parágrafo foi, pelo menos, três vezes reescrito, como se pode ver pelas imagens que a seguir se reproduzem. É, por exemplo, relevante que a epígrafe com uma citação de Heidegger tenha caído na versão publicada, ao passo que a de Pascoaes tenha permanecido. Ler Eduardo Lourenço considera, no entanto, que nem por isso a presença do filósofo de Sein und Zeit é menos determinante em toda abordagem que o ensaísta português faz do texto poético. Mas isso poderá ser melhor discutido daqui a alguns meses. Por agora fica apenas a curiosidade de se observar o modo como este magnífico ensaio se foi construindo.

A 1ª versão

 A 2ª versão

 A 3ª versão