Não são fáceis de compreender os tempos que correm. Em Portugal, na Europa e no Mundo. Também por isso, a palavra de Eduardo Lourenço se revela tão necessária e urgente. É o caso do ensaio que, com chamada de primeira página, os leitores do (cada vez mais magro?) jornal Público podem hoje ler. Na capa, anuncia-se: “Eduardo Lourenço escreve sobre o futuro da Europa”. O que, não sendo inteiramente falso, não é ainda assim absolutamente verdadeiro.
O título do artigo, “Quod vadis, Europa?” (p. 47), é, de certo modo, ambíguo e nessa ambiguidade radicará talvez a equívoca ideia de que o assunto é realmente o porvir do Velho Continente. O último parágrafo (de resto, magnífico) é, por si só, esclarecedor de que o que está em jogo é, de facto, outra coisa. Senão, leia-se: «Se calhar a Europa não precisava – nem precisa – de ir para lado nenhum, nem ter um outro estatuto histórico, político, ideológico e pleonasticamente cultural mais adequado do que o da sua multíplice realidade que foi sempre o seu. aqui se forjou o mundo moderno. E a modernidade do mundo. Lembremo-nos disso. Não precisamos que ninguém nos salve. Precisamos de nos salvar nós mesmos. Já não é pouco. Não estamos à venda».
O título do artigo, “Quod vadis, Europa?” (p. 47), é, de certo modo, ambíguo e nessa ambiguidade radicará talvez a equívoca ideia de que o assunto é realmente o porvir do Velho Continente. O último parágrafo (de resto, magnífico) é, por si só, esclarecedor de que o que está em jogo é, de facto, outra coisa. Senão, leia-se: «Se calhar a Europa não precisava – nem precisa – de ir para lado nenhum, nem ter um outro estatuto histórico, político, ideológico e pleonasticamente cultural mais adequado do que o da sua multíplice realidade que foi sempre o seu. aqui se forjou o mundo moderno. E a modernidade do mundo. Lembremo-nos disso. Não precisamos que ninguém nos salve. Precisamos de nos salvar nós mesmos. Já não é pouco. Não estamos à venda».
Ler Eduardo Lourenço admite que “Quod vadis, Europa?” não é porventura o texto mais esperançoso de um ensaísta que tem vindo a dedicar, nas últimas décadas, muita da sua atenção ao que costuma chamar o destino europeu. Ao afirmar que «talvez tenha sido um sonho mal sonhado desejar uma Europa “unida” tão outra daquilo que durante séculos foi e maravilhosamente o é ainda», Eduardo Lourenço como que regressa ao passado destas «“nações”vizinhas e inimigas». O ensaio de hoje talvez responda, por isso, a uma outra (e não menos decisiva) questão: Europa, unde venis? O que é, afinal, uma nova maneira de dizer que, à Europa dos tempos confusos e atribulados que são os nossos, falta sobretudo que ela seja Europa. Mas o leitor ainda vai com certeza a tempo de ir até a uma banca de jornais perto de si.