sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tudo quanto há em mim de rusticidade social e de inconsciente cristão...

«Seria possivelmente uma reflexão arcaica em torno da caoticidade eufórica que constitui hoje a pulsão cultural do Ocidente e contra a qual tudo quanto há em mim de rusticidade social e de inconsciente cristão eticamente se insurge. Sem ilusões».




Capela de São Pedro do Rio Seco (foto de Ler Eduardo Lourenço)

Foi assim que, em 1 Novembro de 1987, Eduardo Lourenço respondeu a Francisco Belard quando, em entrevista depois publicada em A Phala, lhe foi perguntado o que poderia ser então uma Heterodoxia III. Recorde-se que, para além desta conversa realizada por escrito por altura da primeira reedição dos dois volumes de Heterodoxia na Assírio & Alvim, Eduardo Lourenço concedeu nessa época uma outra entrevista, com o sintomático título “Um heterodoxo confessa-se” [entrevista por Vicente Jorge Silva e Francisco Belard, Suplemento Revista de Expresso, Lisboa, 16/I/1988, pp. 24-31. Texto reimpresso em GIL, José e CATROGA, Fernando, O ensaísmo trágico de Eduardo Lourenço, Lisboa, Relógio d’água Editores, 1996, pp. 44-75].





Francisco Belard (http://www.casadaleitura.org/)

Ler Eduardo Lourenço sugere, assim, aos jornalistas mais preguiçosos ou menos atentos que uma boa questão para colocar, hoje, ao ensaísta, quando se aproxima a passos largos a data da publicação do primeiro volume das Obras Completas com o título de Heterodoxias talvez seja mesmo esta: o que significa ser Heterodoxo em 2011?