quarta-feira, 23 de maio de 2012

Começamos a existir quando se repara na nossa ausência.



... Em geral tarde. Em Portugal, nunca.Vence, 16-5-92.



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S. Pedro do Rio Seco,  junto da Mãe, irmãos e Tia Conceição, 1937



Guarda, junto da Mãe e irmãos, 1939



«A relutância ao auto-retrato – mesmo sem Freud ao fundo – deve ser um dos traços da biografia que tenho como toda a gente. Nasci em certa época, num certo lugar, com uma História acumulando glórias e desastres que me não diziam respeito e eram meus por fora, fiz estudos, tive sucessos e insucessos neles, cumpri-me sem intenção disso em actos e obras que os outros me atribuem e eu sou obrigado a aceitar como meus e a incluir na hipotética biografia. Mas tudo isso, mesmo que fosse minucioso até à prolixidade e por isso inenarrável, não me define tanto como o reflexo instintivo de não sentir uma relação necessária entre a sucessão imprevisível dos eus que foram sendo eu e o meu imaginário retrato, tirado por outrem ou por mim. O tirado por mim só seria diferente por ser apenas mais imaginário que o tirado por um outro que, ao menos, veria o que de fora se vê. A opinião do incorruptível Schopenhauer diz o que basta. «Toda a biografia é uma pa­tografia». O que pensaria da autobiografia, se a julgasse possível?...Na verdade é possível, mas não como a ima­ginamos. É a vida mesma que nos biografa – por isso é a nossa vida – e escrevendo­-se em nós nos autobiografa sem que a ninguém, salvo a essa vertiginosa musa, possa­mos imputar tão extraordinária façanha. Nis­so, quem está a menos, somos nós, e a vida tão excessivamente a mais que só a conhece­mos por nossa nos intervalos em que a temos como se de um outro fosse. Só os outros nos tiram retratos e só a colecção aleatória destas vistas ocasionais dos outros sobre nós cuida­dosamente arquivadas, se isso valesse a pena, para termos mais tarde e acabada a vida que não nos tem, seria então um “auto-retrato”. Toda a autobiografia é, ao mesmo tempo impossível e pleonástica. O menor dos nossos traços nos revela e nos trai. Estes, por exem­plo.» Jornal de Letras, Artes e Ideias, 8 /X/1997.

Bordéus, com Annie, 1949

Luchan, 1972, com o filho, Gil




Vence, 1997. Com as netas, no Natal.








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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Hoje, às 18h



Eduardo Lourenço, António Lobo Antunes, José Peixoto. Três razões de peso para ir hoje ao Museu da Eletricidade em Lisboa, acompanhar a última das Conversas às Quintas. Trata-se de uma iniciativa da Visão, no âmbito das comemorações da edição 1000 da revista.


http://visao.sapo.pt/venha-assistir-as-conversas-as-quintas-com-a-visao=f659292




Imagem retirada do blog do escritor J. L. Peixoto que também nos dá conta da notícia:
http://joseluispeixoto.blogs.sapo.pt/64364.html

Mais um evento a não perder!!


quarta-feira, 16 de maio de 2012

As Portas que Pessoa Abriu




Na passada segunda-feira, o Expresso disponibilizou no seu site, o manuscrito do texto proferido por Eduardo Lourenço, na cerimónia de entrega do Prémio Pessoa 2011. O texto, que Ler Eduardo Lourenço reproduz, com a devida vénia, foi dedicado aos seus amigos Antonio Tabucchi e Agustina [Bessa-Luís].











No mesmo sítio pode encontrar-se a fotogaleria do evento,

e a reportagem:


terça-feira, 15 de maio de 2012

Recortes de uma celebração...

Realizou-se ontem no Grande Auditório a Culturgest, em Lisboa, a entrega do Prémio Pessoa 2011 a Eduardo Lourenço, condecoração já noticiada neste blog. O prémio foi entregue pelo Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e pelo Presidente do Júri, Francisco Pinto Balsemão. Ler Eduardo Lourenço lamenta não ter podido estar presente numa cerimónia que, uma vez mais, reconheceu  o trabalho incansável e em construção do Autor ao serviço de um pensamento crítico, mas deixa aos seus visitantes alguns recortes da imprensa de hoje. Afinal, como relata o Correio da Manhã na página 39, todos «somos puros mutantes (...) para viagens sem itinerário».
Correio da Manhã, p. 39
Presidente da República e Presidente do Júri aplaudem Eduardo Lourenço

Diário de Notícias, p.47
O Presidente da República entrega Prémio a Eduardo Lourenço.

Público, p. 28
Secretário de Estado da Cultura e o galardoado.

Jornal de Notícias, p. 43.
«Precisamos de E. L. para nos ajudar a reflectir sobre muitas questões que atravessam e afligem o nosso tempo», sublinhou o presidente do júri, Dr. Pinto Balsemão.

Correio da Manhã, p. 2
Assinala-se a exemplaridade da obra do Autor.


Público, Ter 15 Maio 2012, p. 46
«O vintage dos prémios Pessoa».




Por ocasião da distinção, a RTP exibe hoje, no canal 1, às 22.38, o documentário autobiográfico Regresso Sem Fim. Para quem ainda não teve a oportunidade de ver este filme realizado por Anabela Saint-Maurice e no qual intervêm também Pedro Mexia, Gonçalo M. Tavares, Hélia Correia, Angel Marcos de Diós, Fernando Rodriguez la Flor e o Dr. Adriando de Faria (irmão mais novo do ensaísta), esta é claramente uma ocasião a não perder.

Correio da Manhã, p.46

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Uma semana rosa(...) em três andamentos!


1. No sábado passado, no Auditório da Feira do Livro em Lisboa, realizou-se o lançamento oficial do novo livro de Eduardo Lourenço. Na sessão, merecem especial destaque as intervenções do Autor e da Coordenadora deste volume, Barbara Aniello. Assim, depois de a investigadora italiana ter relatado o processo que conduziu à edição de Tempo da Música, Música de Tempo e que, tal como afirmou a Ler Eduardo Lourenço, corresponde apenas a um terço do material encontrado e transcrito (que, como já aqui se noticiou, será integrado num dos volumes das Obras Completas) Eduardo Lourenço deliciou os presentes com uma intervenção apaixonada (e apaixonante) sobre a sua relação com a música, desde os tempos felizes de S.Pedro do Rio Seco.

Foto Ler Eduardo Lourenço

Foto Ler Eduardo Lourenço


2. Entretanto, ontem, quinta feira, Eduardo Lourenço publica na revista Visão a sua perspectiva sobre as recentes eleições presidenciais de França. O título do texto (La vie en rose...) talvez seja enganador quanto à leitura que o ensaísta faz das implicações da vitória de François Hollande, quer no seu país de adopção, quer na Europa (e, portanto, em Portugal). Mas as reticências do título indiciam, de certa forma, o tom moderadamente esperançoso com que Eduardo Lourenço lê o regresso de um socialista ao Eliseu. Devido à raridade das intervenções políticas de fundo do autor, nos últimos meses, Ler Eduardo Lourenço considera que se justifica a reprodução do texto que na manhã de ontem chegou às mãos dos leitores da Visão.






3. Na próxima segunda feira, dia 14, em sessão que evoca os vinte cinco anos do Prémio Pessoa, será entregue um dos mais importantes galardões da cultura portuguesa ao vencedor de 2011, Eduardo Lourenço. Eis o programa oficial da sessão:

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Feira do Livro em Lisboa

Decorre amanhã, sábado dia 5, pelas 16 horas, no Auditório da Feira do Livro em Lisboa, o lançamento oficial de Tempo da Música, Música do Tempo, o livro mais recente de Eduardo Lourenço (na foto, autografando algumas das suas obras durante a edição do ano passado da Feira), publicado pela Gradiva. Para além do autor estará presente a musicóloga Barbara Aniello, responsável pela edição deste volume que, como já aqui foi dito, reúne textos inéditos sobre diversas composições e compositores musicais. Um evento, naturalmente, a não perder.