segunda-feira, 24 de março de 2014

Iberografias número nove!

Acaba de chegar literalmente às mãos de Ler Eduardo Lourenço o nono número da revista Iberografias,  publicação do Centro de Estudos Ibéricos que, habitualmente, dá conta das actividades mais relevantes do CEI que, como se sabe, surgiu de uma ideia avançada por Eduardo Lourenço na Guarda e à qual de imediato se associaram as Universidades de Coimbra e de Salamanca.
Neste número de 2013, merece destaque óbvio a entrega do Prémio Eduardo Lourenço ao investigador Jerónimo Pizarro, reconhecimento que agradou imensamente ao patrono do galardão como ele próprio fez questão de assinalar na cerimónia numa intervenção que, aliás, está incluída nesta Iberografias.

Se tal não fosse bastante, o número 9 inclui também as intervenções realizadas durante a Conferência “Portugal e o seu destino”, realizada nos passados dias 6 e 7 de Junho, precisamente na Guarda e que constitui a forma como o CEI decidiu comemorar os 90 anos de Eduardo Lourenço. Ao evento já Ler Eduardo Lourenço concedeu a atenção devida na altura. No entanto, lendo agora os textos elaborados para a conferência, da autoria respectivamente de Guilherme d'Oliveira Martins, Fernando Paulouro, Roberto Vecchi, Margarida Calafate Ribeiro, Mário Vieira de Carvalho, Maria Filomena Molder, Carlos Mendes de Sousa, Barbara Aniello, Teresa Filipe, Dulce Martinho, Pedro Lains, Pedro Adão e Silva e José Gil, é forçoso concluir que esta é mais uma peça imprescindível na bibliografia passiva de Eduardo Lourenço. Registe-se que os temas dos estudos nem sempre versam a obra do ensaísta, mas todos eles revelam amplos motivos de interesse.
Ainda assim, talvez valha a pena destacar “Um homem privado, sem recado nem mandato”, ensaio luminoso de Maria Filomena Molder que apresenta uma leitura extremamente inovadora sobre o autor de Hetreodoxias. Ou também o texto de José Gil, não só pelo seu valor intrínseco evidentemente, mas sobretudo porque provocou uma resposta do próprio Eduardo Lourenço, que assim produziu de improviso o texto “Fernando Pessoa e o Livro do Desassossego”, mais um capítulo para a sua interminável reflexão pessoana.
Rigorosamente a não perder, portanto!
Fotos Ler Eduardo Lourenço



segunda-feira, 10 de março de 2014

Fernando Pessoa e Octavio Paz ou o mês de dois centenários

Octavio Paz (1914-1998)


Fernando Pessoa

Em Fernando Rei da Nossa Baviera, no capítulo que dedica ao que chama a fortuna crítica de Fernando Pessoa, Eduardo Lourenço assinala que «foi depois de o ter lido em francês que um poeta e ensaísta tão eminente como Octávio Paz escreveu o seu breve e magistral ensaio El desconocido de si mismo que se não é o primeiro na língua irmã da nossa será o primeiro a alcançar uma larga audiência». Desse magistral texto, Ler Eduardo Lourenço recupera o modo como o grande escritor mexicano (cujo centenário do nascimento se comemora este mês, tal como curiosamente o famoso dia triunfal de Pessoa) interpreta o drama em gente pessoano. «[Alberto] Caeiro, [Ricardo] Reis e [Álvaro de] Campos são os heróis de uma novela que Pessoa nunca escreveu. Sou um poeta dramático, confia em carta a João Gaspar Simões. No entanto, a relação entre Pessoa e seus heterónimos não é idêntica à do dramaturgo ou do romancista com as suas personagens. Não é um inventor de personagens-poetas mas um criador de obras-de-poetas. A diferença é capital. Como diz Casais Monteiro: Inventou as biografias para as obras e não as obras para as biografias. Essas obras – e os poemas de Pessoa, escritos perante, a favor da e contra elas – são a sua obra poética. Ele mesmo se converte numa das obras de sua obra. E nem sequer tem o privilégio de ser o crítico dessa coterie: Reis e Campos tratam-no com certa condescendência; o barão de Teive nem sempre o cumprimenta; Vicente Guedes, o arquivista, assemelha-se tanto que, quando o encontra numa taberna do bairro, sente um pouco de piedade por si mesmo. É o encantador enfeitiçado, tão totalmente possuído por suas fantasmagorias que se sente olhado por elas, talvez desprezado, talvez motivo de compaixão. As nossas criações julgam-nos».
Refira-se que Eduardo Lourenço escreveu também pelo menos outros dois textos sobre o autor de El desconocido de si mismo. Assim, por ocasião da consagração do escritor mexicano com o Prémio Nobel, o ensaísta português evocou “A hora e a vez de Octavio Paz” (Revista de Expresso, Lisboa, 20/X/1990, p. 93). Oito anos volvidos, na ocasião da morte de Paz, Eduardo Lourenço redigiu “Octavio Paz (1914-98). Vulcão tutelar” (Jornal de Letras, Artes e Ideias, nº 718, Lisboa, 22 /IV/1998, p. 2.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Desassossego em caldo de cultura




Bouillon de Culture foi um programa televisivo, da responsabilidade de Bernard Pivot, que entre 1991 e 2001, conheceu um grande sucesso em França, sobretudo se atendermos que se tratava de um magazine cultural. Em 1998, Pivot dedicou um dos programas a Portugal, filmando o episódio em Lisboa no belíssimo Palácio dos Marqueses de Fronteira. O excerto que aqui se recorda dá conta da intervenção em que Eduardo Lourenço (ou Edouardo Lourenco como indica erradamente a legenda) apresenta Fernando Pessoa ao público francês. Para além do ensaísta, podemos ver no pequeno filme de cerca de três minutos e meio diversas figuras da cultura portuguesa como, por exemplo, Manoel de Oliveira, Lídia Jorge ou Diogo Dória. E também a mulher de Eduardo Lourenço, Annie, que faleceu em Dezembro último e aqui se recorda com imensa saudade.