Foram conhecidos há pouco os autores distinguidos com o prémio PEN Clube referente ao ano transacto. Assim, na categoria de narrativa foi escolhido como vencedor o romance Peregrinação de Enmanuel Jhesus de Pedro Rosa Mendes. Na categoria de poesia, o júri distinguiu o livro Necrophilia de Jaime Rocha , obra escolhida por Francisco Belard, Liberto Cruz e Manuel Frias Martins. No que diz respeito ao ensaio, os jurados Maria João Reynaud, Álvaro Manuel Machado e Fernando Cabral Martins optaram por consagrar dois livros: Jorge de Sena: Sinais de Fogo como Romance de Formação, de Jorge Vaz de Carvalho, e O Género Intranquilo: Anatomia do Ensaio e do Fragmento, de João Barrento. Ler Eduardo Lourenço não costuma pronunciar-se acerca da justeza dos prémios literários, mas, desta feita, não pode deixar de exprimir a sua satisfação pelos dois ensaios premiados. Compreender-se-á o motivo deste entusiasmo, pois se, no caso da obra de (e sobre) Jorge de Sena, as relações com o pensamento de Eduardo Lourenço têm sido frequentemente assinaladas neste blog, em relação ao ensaísmo de João Barrento esse mesmo diálogo não tem sido menos importante. No livro agora premiado, O Género Intranquilo (e que, recorde-se, foi apresentado no seu lançamento, em Outubro do ano passado, por... Eduardo Lourenço!) encontra-se, para além de um interessantíssimo capítulo chamado “O ensaio em Portugal: Sociologia de um género sem género”, uma nova versão do texto “As pedras brancas”, baseado na comunicação apresentado pelo autor no Colóquio Internacional Eduardo Lourenço (Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Outubro de 2008), mas que contém ligeiríssimas modificações em relação ao que, entretanto, foi publicado na revista Colóquio-Letras. A (re-)ler, sem qualquer dúvida.