2011 é ano de duplo centenário neo-realista. De facto, comemora-se agora os cem anos de nascimento de Alves Redol e de Manuel da Fonseca. Revistas e jornais dedicam algumas das suas páginas à efeméride, ao mesmo tempo que se realizam colóquios e jornadas de homenagem. Assim, não foi surpresa tropeçar hoje num depoimento de Eduardo Lourenço acerca dos chamados escritores neo-realistas, recolhido por Joana Palminha e publicado na edição acabada de sair da revista Os Meus Livros* , onde o ensaísta, para além de lamentar a desatenção que hoje existe acerca de muitos desses escritores de quem foi amigo muito próximo, evoca o ambiente português que era retratado nos seus livros. As duas primeiras fotografias que ilustram as palavras do ensaísta são da autoria de Jean Dieuzaide (1941-2003), fotógrafo francês que, em 1998, publicou o álbum Portugal 1950, onde pode ler-se um ensaio de Eduardo Lourenço com o título “Luz e Memória”. A este álbum e a este ensaio, voltará em breve Ler Eduardo Lourenço.
(foto de Jean Dieuzaide)
Manuel Fonseca trouxe o Alentejo profundo para a literatura, criando uma espécie de mitologia alentejana com poemas muito positivos que mostram a coragem e o silêncio marcantes dos alentejanos.
As imagens diluem-se com com o passar do tempo e naqueles livros [neo-realistas] está o retrato de um Portugal que já não é.
O Carlos [de Oliveira] já me tinha falado nele [Manuel da Fonseca, na foto], como uma pessoa muito calorosa, muito dada... sem pretensiosismo intelectual. Quando o encontrei pela primeira vez, numa Feira do Livro em Lisboa, falámos um pouco sobre aquela mitologia alentejana que ele criou nos livros. O Carlos tinha razão.
* Joana Palminha, “O neo-realismo ainda conta?”, Os Meus Livros, nº 103, Lisboa, Outubro de 2011, pp. 42-47.
Mercado de Évora, 1954 (foto de Jean Dieuzaide)
As imagens diluem-se com com o passar do tempo e naqueles livros [neo-realistas] está o retrato de um Portugal que já não é.
foto retirada de feldecao.blogspot.com
O Carlos [de Oliveira] já me tinha falado nele [Manuel da Fonseca, na foto], como uma pessoa muito calorosa, muito dada... sem pretensiosismo intelectual. Quando o encontrei pela primeira vez, numa Feira do Livro em Lisboa, falámos um pouco sobre aquela mitologia alentejana que ele criou nos livros. O Carlos tinha razão.
* Joana Palminha, “O neo-realismo ainda conta?”, Os Meus Livros, nº 103, Lisboa, Outubro de 2011, pp. 42-47.