segunda-feira, 18 de julho de 2011

Tempo e Poesia



O projecto de edição das Obras Completas de Eduardo Lourenço tem sido uma aventura fascinante para todas as pessoas que nele estão envolvidas desde há cerca de um ano. Desde logo, porque não se trata apenas de reunir todo o material que se encontra já publicado em livros do ensaísta, em obras colectivas ou em periódicos (consultar bibliografia activa e passiva de Eduardo Lourenço e plano editorial das Obras Completas em http://www.eduardolourenco.uevora.pt/) ou ainda todos os manuscritos que até hoje permaneceram inéditos. Só isso seria já uma experiência imensa e inesquecível. Mas há um aliciante especial neste projecto: é que as Obras estão ainda a ser escritas todos os dias. Mais: o próprio desenho deste projecto editorial está ainda em fase de esboço. Nesse sentido, quer a escolha da sequência e do título dos volumes, quer a selecção dos textos a incluir em cada um deles tem sido um processo complexo e moroso, cabendo sempre, como é evidente, a última e decisiva palavra a Eduardo Lourenço. É importante registar que há muitos volumes em fase já bastante adiantada, tendo os respectivos Coordenadores e a Equipa do Projecto procedido à transcrição de muitos inéditos e à recolha de dispersos, para além de todo o trabalho de edição dos textos (correção de gralhas através do confronto com os manuscritos, por exemplo)
Um dos primeiros volumes a editar terá o título Tempo e Poesia, sendo organizado em torno do livro homónimo de 1974, mas incluindo também dispersos e inéditos com afinidades temáticas. Tempo e Poesia reuniu alguns ensaios mais famosos de Eduardo Lourenço e, através deles, é claramente perceptível como o texto poético se converteu num interlocutor privilegiado da reflexão do ensaísta. Ler Eduardo Lourenço descobriu recentemente um exemplar da primeira edição de Tempo e Poesia que tem como característica singular uma dedicatória a Paulo Quintela, autografada pelo autor e que aqui se reproduz: «Para o ilustre germanista e velho amigo Doutor Paulo Quintela, com o melhor abraço do seu muito admirador, Eduardo Lourenço. Porto, Abril de 1975». Reproduzem-se também imagens da capa e da contracapa do livro, esta última com uma fotografia da época de Eduardo Lourenço. Ler Eduardo Lourenço aproveita ainda para recordar o texto que o ensaísta dedicou ao antigo Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e muito conceituado tradutor: “Paulo Quintela. À sombra de Rilke”, Jornal de Letras, Artes e Ideias, nº 918, Lisboa, 21/XII/2005, p. 15.