terça-feira, 25 de outubro de 2011

Carlos de Oliveira, no centro da vida.

Para os que lamentaram a sua ausência (por motivos de saúde), no Colóquio Internacional dedicado a Carlos de Oliveira, Eduardo Lourenço abre agora a  revista pessoa - numa excelente edição bilingue - em número dedicado a esse autor e à ocasião (pessoa, Revista de Ideias, nº4, edição da Casa Fernando Pessoa e Câmara Municipal de Lisboa, Setembro 2011). O texto, que com a devida vénia Ler Eduardo Lourenço transcreve, é uma celebração da memória do autor de Uma Abelha na Chuva, "ícone canónico do neo-realismo", mas "bem longe dos seus chavões literários". Carlos de Oliveira "ficou inteiro nos seus poemas" onde ilustrou "uma poética materialista não no sentido ideológico do século XIX onde o seu imaginário se alimentou, mas realista e paradoxalmente matérica como a terra que descreveu como criadora da gesta em busca do fogo central que continua a consumi-la. Como se estivesse a ponto de descer ao centro da vida como um herói de Júlio Verne".


Eis o passo final da citação que Eduardo Lourenço selecciona para a revista:
 "Ocorreu-lhe então esta ideia, que o gelou de pavor: quem sabe se ela não é a própria morte a insinuar-me dia a dia a miséria de viver, uma missão de Deus junto de mim para que eu entenda que tudo é passageiro e inútil e de livre vontade renuncie a tudo. (...) Nunca entendera verdadeiramente." Uma Abelha na Chuva, in Obras de Carlos de Oliveira, edição Camilho, Lisboa, 1992.