Para além da importância, mais ou menos relativa, mais ou menos indiscutível, do papel que todos desempenham na configuração da cultura portuguesa do século XX, o que há de comum a nomes tão variados como António Sérgio, Jorge de Sena, Raul Brandão, Sílvio Lima, José Marinho, Raul Proença, José Rodrigues Miguéis, Jaime Cortesão, Vergílio Ferreira, Augusto Abelaira, Joel Serrão, Eduardo Lourenço, José Saramago, Aquilino Ribeiro, Teixeira de Pascoaes, Eduardo Prado Coelho, José Bacelar, Adolfo Casaes Monteiro, Mário Sacramento, Mário Dionísio ou João Martins Pereira, por exemplo? Todos eles (e a lista está muito longe de ser exaustiva) estiveram ligados e/ou assinaram textos nas páginas da revista Seara Nova, fundada precisamente há noventa e dois anos, ou seja, no dia 15 de Outubro de ... 1921.
Torna-se, também por isso, impossível compreender a vida intelectual e literária do Portugal Contemporâneo, para usar o nome de uma obra emblemática de Oliveira Martins, sem dúvida uma das figuras tutelares da Seara, sem revisitar as páginas de uma publicação que, importa não o esquecer, ainda hoje se publica, mesmo que nem sempre pareça fazer juz ao espírito e à exigência estética dos seus fundadores, entre os quais se destacaram Raul Proença, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro. Recorde-se que António Sérgio, nome que que é habitual (e inteiramente justo, como é óbvio!) ver associado à revista, ingressará apenas em 1923 nas fileiras da Seara Nova.
Em primeiro plano, da esquerda para a direita, vemos Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.Atrás, Raul Proença é o terceiro a contar da esquerda. (Foto: Arquivo da Família de Aquilino Ribeiro Machado)
Ora, a verdade é que também se tornou costumeiro associar Eduardo Lourenço a um certo anti-sergismo e, por via disso, a um certo anti-searísmo. Há alguns motivos para tal e o famoso ensaio que dedicou a António Sérgio nos finais dos anos Sessenta nas páginas de O Tempo e o Modo não é, decerto, um dos menos relevantes. Mas a verdade é que, em muitos aspectos, o ensaísmo de Eduardo Lourenço não é antagonista do ideário da Seara. Tanto mais que, entre 1947 e 1952, Eduardo Lourenço escreveu para a revista. Primeiro com dois textos que aparecem assinados por Eduardo... Coimbra!
Depois, já como Eduardo Lourenço lui-même. Claro que esta participação escassa e pontual não faz de Eduardo Lourenço um seareiro ortodoxo, desde logo porque este adjectivo não casa bem com o seu percurso e a sua atitude intelectual. Contudo, talvez seja igualmente excessivo considerar que, quando escreveu os seis artigos que adiante se indicam, o ensaísta estava a meter a foice em Seara alheia.
1) [Com o pseudónimo Eduardo Coimbra], “Nota sobre a pretendida genialidade da Confissão de Lúcio”, Seara Nova, nº 1018, Lisboa, 1/II/1947, pp. 62-63.
2) [Com o pseudónimo Eduardo Coimbra], “Sobre Jangada de António de Sousa”, Seara Nova, nº 1025, Lisboa, Março de 1947, pp. 199-200.
3) “Literatura e simplicidade de espírito”, Seara Nova, nº 1078, Lisboa, 27/III/1948, pp. 1-3.
4) “NADA – um invulgar romance espanhol ou a metafísica que um romance suporta”, Seara Nova, Ano XXVII, Lisboa, 12/VI/1948, pp. 97-99.
5) Humanismo e Terror ou a Denúncia do Pacifismo Hipócrita” [Sobre Maurice Merleau-Ponty, Humanisme et Terreur], Seara Nova, nº 1248-49, Lisboa, 1-29/III/1951, pp. 42-43 (Texto reimpresso em Ocasionais).
6) “Alexandria Ano Zero ou a 26ª Hora”, Seara Nova, nº 1262-63, Lisboa, 4-25/X/1952, pp. 150-151 (Texto reimpresso em Ocasionais).
Torna-se, também por isso, impossível compreender a vida intelectual e literária do Portugal Contemporâneo, para usar o nome de uma obra emblemática de Oliveira Martins, sem dúvida uma das figuras tutelares da Seara, sem revisitar as páginas de uma publicação que, importa não o esquecer, ainda hoje se publica, mesmo que nem sempre pareça fazer juz ao espírito e à exigência estética dos seus fundadores, entre os quais se destacaram Raul Proença, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro. Recorde-se que António Sérgio, nome que que é habitual (e inteiramente justo, como é óbvio!) ver associado à revista, ingressará apenas em 1923 nas fileiras da Seara Nova.
Em primeiro plano, da esquerda para a direita, vemos Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Raul Brandão.Atrás, Raul Proença é o terceiro a contar da esquerda. (Foto: Arquivo da Família de Aquilino Ribeiro Machado)
Ora, a verdade é que também se tornou costumeiro associar Eduardo Lourenço a um certo anti-sergismo e, por via disso, a um certo anti-searísmo. Há alguns motivos para tal e o famoso ensaio que dedicou a António Sérgio nos finais dos anos Sessenta nas páginas de O Tempo e o Modo não é, decerto, um dos menos relevantes. Mas a verdade é que, em muitos aspectos, o ensaísmo de Eduardo Lourenço não é antagonista do ideário da Seara. Tanto mais que, entre 1947 e 1952, Eduardo Lourenço escreveu para a revista. Primeiro com dois textos que aparecem assinados por Eduardo... Coimbra!
Depois, já como Eduardo Lourenço lui-même. Claro que esta participação escassa e pontual não faz de Eduardo Lourenço um seareiro ortodoxo, desde logo porque este adjectivo não casa bem com o seu percurso e a sua atitude intelectual. Contudo, talvez seja igualmente excessivo considerar que, quando escreveu os seis artigos que adiante se indicam, o ensaísta estava a meter a foice em Seara alheia.
1) [Com o pseudónimo Eduardo Coimbra], “Nota sobre a pretendida genialidade da Confissão de Lúcio”, Seara Nova, nº 1018, Lisboa, 1/II/1947, pp. 62-63.
2) [Com o pseudónimo Eduardo Coimbra], “Sobre Jangada de António de Sousa”, Seara Nova, nº 1025, Lisboa, Março de 1947, pp. 199-200.
3) “Literatura e simplicidade de espírito”, Seara Nova, nº 1078, Lisboa, 27/III/1948, pp. 1-3.
4) “NADA – um invulgar romance espanhol ou a metafísica que um romance suporta”, Seara Nova, Ano XXVII, Lisboa, 12/VI/1948, pp. 97-99.
5) Humanismo e Terror ou a Denúncia do Pacifismo Hipócrita” [Sobre Maurice Merleau-Ponty, Humanisme et Terreur], Seara Nova, nº 1248-49, Lisboa, 1-29/III/1951, pp. 42-43 (Texto reimpresso em Ocasionais).
6) “Alexandria Ano Zero ou a 26ª Hora”, Seara Nova, nº 1262-63, Lisboa, 4-25/X/1952, pp. 150-151 (Texto reimpresso em Ocasionais).